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O PANDÊMICO GAME DO ANO, EM TEMPOS DE PANDEMIA

Parte dois da jornada de Ellie e Joel, The Last of Us Part 2, recebeu sete prêmios, incluindo o de melhor jogo no The Game Awards

Antes de tudo, não há spoilers nesse texto


Ódio, vingança, violência, crueldade, homofobia e pandemia. Poderia ser só o ano de 2020, mas aqui vamos falar sobre o game exclusivo de Playstation 4, The Last of Us Part 2. O jogo desenvolvido pela Naughty Dog com direção de Neil Druckmann, foi lançado em 19 de junho desde ano e alcançou o posto de terceiro jogo exclusivo de PS4 mais vendido da história em apenas alguns meses. O que não surpreende já que essa obra de arte é um dos melhores jogos feitos, seja em aspectos gráficos, de jogabilidade, e até sociológico.


A história se passa 4 anos após os eventos do parte 1, em que Joel e Ellie cruzaram os EUA em busca do grupo de resistência ‘’Vagalumes’’ que estavam tentando produzir uma cura para a pandemia causada pelo fungo cordyceps e Ellie era a única que tinha imunidade contra a doença que transforma seres humanos em uma espécie de zombies, sem o controle das atividades mentais e motoras. Agora os protagonistas do primeiro jogo estão em uma colônia de sobreviventes em Jackson no estado americano do Wyoming, quando uma personagem ligada ao passado de Joel surge fazendo Ellie embarcar em uma jornada de vingança até Seattle.


 Se no parte 1 somos movidos pelo amor e esperança, no dois o principal combustível é o ódio, até nas capas dos games é possível ver essa diferença, enquanto no um o amarelo (cor do otimismo) prevalece, no dois é o preto (cor da morte, solidão) que é o destaque.


Durante a epopeia de raiva e violência de Ellie, diversos acontecimentos fazem a protagonista, e até mesmo os jogadores, a se questionarem se no fim do mundo ainda existem heróis e vilões e se a vingança ainda tem sentido. E dessa vez vamos ver um outro lado da história, não somente com os personagens do game de 2013.


O game é muito atual e traz discussões que estão em pauta atualmente, muito além de uma pandemia. Não me recordo de um jogo que traga 3 protagonistas mulheres, sendo duas lésbicas (Ellie e a namorada Dina). Fanatismo religioso é um dos elementos presente no mundo de The Last of Us, o grupo Serafitas (chamado de Cicatrizes pelos personagens devido que todos os integrantes da seita têm uma cicatriz no rosto) é um exemplo disso. A Profetiza dos Serafitas deixou diversos escritos, mas após a morte dela, suas ideias foram distorcidas e seus fiéis perseguem todos que não têm a mesma fé. O ódio também é muito evidente durante o jogo e o que ele pode trazer para nós. A violência e perversidade humana é mostrada a cada esquina (esquina, literalmente pois o jogo se passa nas ruas de Seattle) e nos questionamos porque estamos matando outros humanos e se os principais inimigos são os infectados pelo fungo, que não sabem o que estão fazendo, ou se são os humanos que escolheram nos atacar. Então pode esperar por cenas pesadas e fortes, pois a humanidade acabou e o caos leva à crueldade e atitudes questionáveis.


Um elemento que gerou muita reclamação nas redes sociais foi o relacionamento de Ellie e Gina. Na opinião desse gamer que lhe escreve, essa discussão não têm fundamentos, não há nenhuma cena de baixaria e o relacionamento da protagonista é igual a qualquer namoro heterossexual. Talvez as atitudes cruéis de alguns grupos e as mortes que esses causam deveriam ter gerado um debate maior na Internet. Minha única observação é em relação ao personagem transsexual (para saber quem é você tem que jogar). Esse detalhe da história poderia ter sido melhor aproveitado e ter um desenvolvimento melhor, pois toda a explicação foi dada em uma cutscene de menos de 5 minutos. Em um jogo de quase 30 horas de gameplay, poderia ter tido uma explicação mais bem elaborada. 


Mas esse detalhe não tira o brilhantismo desse jogo. E não pense que apenas de violência, mortes e crueldade vive The Last of Us. Há diversos momentos de emocionar até o mais bruto e sem coração dos gamers. Um flashback (dos inúmeros que temos e que são jogáveis) se passa em um museu e por conta do aniversário de Ellie, Joel leva a garota para conhecer o local e lá os dois têm uma tarde quase que de pai e filha.


E em relação a esses dois, Joel honrou a promessa e ensinou Ellie a tocar violão, em alguns momentos podemos tocar o instrumento com o touchpad do controle. A trilha sonora do game que foi indicada ao prêmio de melhor do ano no The Game Awards (mas quem levou foi Final Fantasy 7 Remake) traz um clima especial para o jogo e ajuda na imersão desde as cenas românticas até as mais assustadoras e sombrias. Dentre as músicas que tocamos durante o jogo, uma das mais famosas é ‘’Take on Me’’ da banda norueguesa A-ha. Nessa música a protagonista toca uma versão acústica para a namorada em uma loja de instrumentos de Seattle.


Em mundo com cada vez mais acessibilidades, The Last of Us não poderia ficar de fora. Com mais de 60 opções de personalização, indo desde as tradicionais legendas, até configurações para pessoas com baixa visão, daltonismo e problemas auditivos. Também é possível personalizar os controles do jogo, alterando os botões incluindo o touchpad. Outra personalização é para quem sofre de enjoo, o game permite controlar o movimento da câmera, desfoque e até o campo de visão. Com tantas configurações de acessibilidade, o jogo da Naughty Dog levou o prêmio de inovação em acessibilidade no The Game Awards.



As atuações dos atores foi digna de filme, Ashley Johnson (a agente Patterson da série Blindspot) continua como Ellie, mas quem levou o Oscar pela melhor atuação no The Game Awards foi Laura Bailey, a Abby, personagem que nos é apresentada no novo game. A parte triste é que Bailey sofreu diversas ameaças de morte, ofensas e todos os tipos de ataques nas redes sociais por causa das ações de sua personagem no game.  A desenvolvedora do jogo e até o diretor Neil Druckmann saíram em defesa da atriz.


Seguindo com as atuações, as expressões faciais são algo que jamais foi visto em um jogo, é possível ver os personagens apertando os olhos para enxergar melhor, as sensações de dor, medo e alegria são fiéis à realidade. Na batalha final, o realismo das expressões de Ellie é tanta que sentimos o mesmo que a protagonista sente no momento e até as lágrimas parecem reais. 


Ao decorrer desse texto você deve ter visto que o jogo venceu várias categorias no The Game Awards, para ser mais preciso The Last of Us Part 2 recebeu sete prêmios no Oscar do games de 2020 e foi indicado a 10 prêmios em nove categorias (além de Laura Bailey, Ashley Johnson também foi indicada para melhor performance). O game ganhou nas categorias de: Melhor Narrativa, Melhor Direção, Melhor Edição de Aúdio, Melhor Performance, Inovação em Acessibilidade, Melhor Jogo de Ação / Aventura e o Melhor Jogo do Ano. O game só saiu derrotado na Melhor Direção de Arte que ficou com Ghost of Tsushima e Melhor Trilha Sonora que teve como premiado Final Fantasy 7 Remake. 


Esse game não pode faltar na sua coleção. O enredo, personagens músicas, gráficos, tudo nele foi muito bem desenvolvido e pensado pela Naughty Dog, que já fez ótimos jogos na sequência de Uncharted, e os pequenos detalhes vão fazer se apaixonar ainda mais pelo segundo título de The Last of Us. Se prepare para uma jornada intensa, violenta mas que mesmo assim será tocante e emocionante em todos os momentos dessa montanha russa que é The Last of Us Part 2, em um momento uma cena romântica, de esperança que fazem com que o jogador sinta que mesmo no final do mundo, ainda existe a possibilidade de coisas boas, mas aí logo na cena seguinte, o jogo te dá um choque de realidade e te leva por espaços escuros cheio de infectados e inimigos que não vão hesitar em te matar.


Ficamos até o final nos questionando se a humanidade ainda tem esperanças e se vamos conseguir nos unir diante de um inimigo em comum, E até depois de finalizar o game, esse debate segue em nossas cabeças. Bom, essa resposta não temos agora, mas que tal pensar um pouco mais sobre isso enquanto você joga pelas ruas de Seattle no Melhor Jogo do Ano de 2020 que é The Last of Us Part 2?

Raul Galetti

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