SESC POMPÉIA
Novembro de 2018
Descubra mais sobre este local tão importante para a cultura. Colaboração de Daniela de Jesus e Giovana Martuscelli.
Raul Galetti, Daniela de Jesus e Giovana Martuscelli
É uma manhã de quinta feira, com garoa e frio. No Sesc, localizado na região da Pompeia, crianças se divertiam com gincanas sem se importar com o tempo gelado. Enquanto isso, os mais velhos alinhavam-se à espera do almoço. Outros relaxavam nos pufs ou nas cadeiras, enquanto a hora de voltar ao trabalho não chegava. O Sesc é tão plural que chega a ser singular. Essa afirmação pode parecer contraditória, mas há uma diversidade de pessoas e fazeres nele.
De um lado, crianças brincando com seus pais e monitores, para eles o tempo passa devagar e um ano demora uma eternidade. Aquele momento vai marcar a semana delas, que provavelmente irão ficar lembrando daquilo por muito tempo. Do outro, há um pai que serve de colchão e cavalinho para sua filha. Aquele momento, que ele brinca com sua filha e com as outras crianças, é quando ele tem a oportunidade de relaxar e se desligar dos seus afazeres e obrigações da vida adulta. Nesse momento ele recarrega as energias e por
incrível que pareça o tempo passa devagar, ele já não está mais acostumado com isso.
O moço que sentou no banco para descansar por 5 minutos acabou entregando seu corpo a um cochilo. O casal de idosos que está sentados ao lado há um bom tempo encontrou nas cadeiras do Sesc um lugar confortável para ler as últimas notícias e a programação da casa. Enquanto isso um outro rapaz, que espera ser atendido pela operadora e, depois de não obter resultado, decide se recompensar pela espera com um cochilo. As pessoas estão cansadas. Porém, não as duas amigas que andam uma ao lado da outra se apoiando em direção à lanchonete. Elas não têm pressa, vão no seu ritmo, afinal, já correram demais.
Do outro lado do salão, uma exposição conta a evolução da mídia e ocupa boa parte do espaço. Entre recortes de jornais em tom sépia e gravações antigas, pessoas exploravam a importância que a imprensa tem para o nosso país. As luzes são posicionadas para iluminar de uma forma intensa as obras e, as pessoas quando param na frente delas, ficam sob a mesma luz compondo as mesmas. Já outras crianças brincavam perto do lago que reflete, além das obras, as risadas, as expressões de surpresa, espanto e até tristeza das pessoas analisando os quadros. Para as crianças ele serve como um jogo em que o desafio é
atravessar o outro lado.
Mais para baixo o teatro se encontra vazio, mas aos finais de semana conseguir um lugar é concorrido. As ruas, aos finais de semana e feriados, são agitadas por shows e festivais. Na lojinha do Sesc, cadernos, borrachas e bolsas ficam do lado de CDs e livros de autores sem tanto reconhecimento. A chuva aperta e com ela o desfile de guardas-chuva se inicia. De todas as cores e tamanhos as pessoas usavam para não se molhar. Alguns que esqueceram de pegar suas sombrinhas e usam pastas, malas e casacos para, em uma tentativa frustrada, não se molhar.
A pluralidade de Sesc é singular. No mesmo lugar que executivos marcam reuniões, crianças brincam com as poças de chuva. No mesmo lugar que as senhorinhas tomam um café para colocar o papo em dia, os jovens treinam sua nova coreografia. No mesmo lugar em que era uma fábrica de tambores, hoje há uma fábrica de cultura.